AS FERRAMENTAS DE RECUPERAÇÃO DE TCA
Escutar
Todos os dias reservamos algum tempo para rezar e meditar. Antes de aceitar algum compromisso, pedimos orientação ao nosso Poder superior e aos nossos amigos de TCA.
Estabelecer prioridades
Decidimos quais as coisas mais importantes para fazer primeiro. Por vezes isto quer dizer não fazer nada. Esforçamo-nos por nos mantermos flexíveis aos acontecimentos, reorganizando as nossas prioridades conforme necessário. Vemos as interrupções e os acasos como oportunidades de crescimento.
Substituir
Não adicionamos uma actividade nova sem eliminarmos do nosso programa outra que seja equivalente em tempo e energia.
Subplanear
Prevemos mais tempo do que achamos necessário para uma tarefa ou viagem, permitindo que haja uma margem confortável para o imprevisto.
Brincar
Planeamos tempo para nos divertirmos, recusando-nos a trabalhar sem interrupção. Não transformamos o nosso divertimento num projecto de trabalho.
Concentrar
Tentamos fazer uma coisa de cada vez.
Cadenciar
Trabalhamos a um ritmo confortável e descansamos antes de estarmos cansados. Para nos lembrarmos, verificamos o nosso nível de energia antes de prosseguirmos para a nossa próxima actividade. Não nos “agitamos” no nosso trabalho para não termos de nos acalmar.
Relaxar
Não cedemos às pressões dos outros nem tentamos pressionar outros. Mantemo-nos alerta para pessoas ou situações que despertam em nós sentimentos de pressão. Tomamos consciência das acções, palavras, sensações físicas e sentimentos que nos indicam que estamos a responder com pressão. Quando sentimos a energia aumentar, paramos; ligamo-nos ao nosso Poder superior e a outros à nossa volta.
Aceitar
Aceitamos o resultado dos nossos esforços qualquer que seja e quando seja. Sabemos que a impaciência, a pressa e a insistência em resultados perfeitos só atrasam a nossa recuperação. Somos brandos com os nossos esforços, sabendo que o nosso novo modo de vida requer muita prática.
Pedir
Admitimos as nossas fraquezas e erros. Percebemos que não temos de fazer tudo sozinhos e pedimos ajuda ao nosso Poder superior e aos outros.
Reuniões
Participamos em reuniões de TCA para aprender como trabalha a comunidade e para partilhar a nossa experiência, força e esperança com os outros.
Telefonar
Usamos o telefone para nos mantermos em contacto com membros da comunidade no intervalo entre as reuniões. Comunicamos com os nossos amigos de TCA antes e depois de uma tarefa crítica.
Equilibrar
Procuramos o equilíbrio entre o envolvimento no trabalho e os esforços que fazemos para desenvolver relações pessoais, crescimento espiritual, criatividade e atitudes brincalhonas.
Servir
Ajudamos prontamente outros dependentes do trabalho, sabendo que a ajuda aos outros aumenta a qualidade da nossa recuperação.
Viver no Agora
Percebemos que estamos onde o nosso Poder superior quer que estejamos – no aqui e agora. Tentamos viver cada momento com serenidade, alegria e gratidão.
Os Princípios de Recuperação de TCA
Abstinência
Em TCA, abstinência quer dizer abster-se de trabalhar, agir, preocupar-se e repelir o trabalho de uma forma compulsiva. Para muitos trabalhadores compulsivos, a abstinência significa bastante mais do que alívio pelo trabalho compulsivo a um nível físico. Também significa uma atitude resultante de uma rendição a algo maior que nós. Abstinência significa não só libertação da compulsão pelo trabalho mas também libertação do pensamento e preocupação compulsivos. Cada um de nós tem a liberdade de determinar a forma de estar abstinente de acordo com necessidades e preferências pessoais. Os limites inferiores definem a fronteira entre a abstinência e a adição ao trabalho. A ferramenta da abstinência inclui trabalhar com um padrinho de forma a estabelecer e manter os limites pessoais inferiores e superiores de forma a trabalhar os princípios de recuperação e também ir procurando apoio para comportamentos incluídos nos limites inferiores.
Apadrinhamento
Padrinhos são membros de TCA que têm um compromisso com a abstinência do trabalho compulsivo. Ao longo do processo de recuperação, oferecem orientação a três níveis: físico, emocional e espiritual. Concretamente podem ajudar-nos com ferramentas como planos de trabalho, telefonemas e o trabalho dos Passos. Um membro pode trabalhar com mais do que um padrinho e pode mudar de padrinho quando quiser. Por vezes é mais prático entrar num co-apadrinhamento. Tornamo-nos num padrinho ou co-padrinho como resultado do trabalho de 12º. Passo: levar a mensagem de Trabalhadores Compulsivos Anónimos e colocar os princípios do programa em prática. Pedimos para ser apadrinhados ou co-apadrinhados de forma a beneficiarmos da experiência de alguém que tem o que nós queremos. O nosso programa é um programa de atracção, por isso escolhemos um padrinho que tem o que nós queremos e perguntamos-lhe como o conseguiu.
Escrever
Muitas vezes escrever clarifica os nossos pensamentos e ajuda-nos a chegar à raiz dos sentimentos que estão por detrás do trabalho compulsivo. É uma acção que nutre auto-confiança porque podemos escrever mesmo quando não temos ninguém disponível para falar connosco. Escrever para nós próprios pode dar-nos mais clareza do que falar. Isto é em parte porque quando falamos com outras pessoas podemos achar que a nossa escolha de palavras e de assuntos é afectada pela nossa interacção com a audiência. Escrever regista as nossas expressões de uma forma que nos ajuda a perceber o que estamos a tentar dizer. O que escrevemos pode ser partilhado com outros se o quisermos utilizar como uma forma de comunicação.
Plano de acção
Colocamos no papel o que temos intenção de fazer em cada dia relativamente aos nossos relacionamentos, às nossas actividades e a nós próprios. Isto ajuda-nos a desenvolver um estilo de vida mais saudável e mais equilibrado. Também nos ajuda a superar a negação. Partilhar o nosso plano com outra pessoa dá-nos oportunidade de exprimir sentimentos que muitas vezes estão na base do nosso comportamento compulsivo.
Humor
Ver o lado engraçado das nossas dificuldades pode ajudar a libertarmo-nos da ansiedade e da preocupação.
Intervalo
Nós, trabalhadores compulsivos, descobrimos que divertirmo-nos e relaxar são ferramentas essenciais na nossa recuperação da adição ao trabalho. Reservando tempo para nos divertirmos e para acontecimentos não estruturados sem objectivos, aprendemos que há mais na vida para além das nossas anteriores identidades relacionadas com o trabalho e a actividade. Brincar e divertir ajudam-nos a viver no presente em vez de ficarmos à espera de nos sentirmos realizados num qualquer tempo futuro.
Nutrir
Alimentamos o nosso corpo com comida saudável, exercício e descanso. Alimentamos as nossas mentes procurando aspectos positivos em cada encontro. Alimentamos os nossos espíritos rodeando-nos de beleza, harmonia e tranquilidade. Reconhecemos que não somos nem o que fazemos nem o que sentimos. Nutrimos o nosso sentido de valor e de respeito próprios.
Literatura
A literatura é uma fonte de informação, insight, experiência, força e esperança. Ler, numa base diária, grava a verdade em nós e expande os nossos horizontes. Isto pode ser vital para o nosso crescimento e reforça o nosso programa de recuperação. A literatura do programa é uma ferramenta sempre disponível que nos dá uma perspectiva profunda dos nossos problemas, força para lidarmos com eles e o conhecimento de que existe um processo de recuperação para nós. Também estudamos a literatura de Alcoólicos Anónimos e de outros programas de Doze Passos para fortalecer o nosso entendimento da doença compulsiva. Podemos identificar-nos com muitas situações descritas, substituindo a palavra álcool por “trabalho compulsivo”.
Anonimato
Anonimato significa que aquilo que partilhamos com outro membro é mantido em respeito e confidência. Ajuda-nos a colocar os princípios à frente das personalidades. Oferece-nos liberdade de expressão e protecção contra mexericos. A tradição do anonimato significa que não divulgamos publicamente nos media os nossos nomes completos relacionados com Trabalhadores Compulsivos Anónimos.
Os Doze Passos
A recuperação do trabalho e actividade compulsivos pode ser conseguida praticando os Doze Passos de Trabalhadores Compulsivos Anónimos. Estes Passos proporcionam uma fonte de esperança bem como um modo estruturado de conseguir progresso. Passar de um Passo para outro pode demorar quantidades de tempo e de esforço diversos. Podemos debruçar-nos novamente sobre os Passos e encontrar neles novos significados. Finalmente, achamos que praticamos os Passos integrando-os nas nossas vidas. Podemos criar um grupo de Passos nas nossas reuniões e trabalhar os Passos em conjunto.
Meditação
Para muitos de nós, estar imóvel e sentado tranquilamente são, de início, coisas difíceis. A prática do abandono da tagarelice constante nas nossas cabeças pode conduzir a uma paz de espírito que se desenvolve gradualmente. Esta serenidade é um contraste suave e curativo à excitação, pressa e intensidade agradável que procurámos com o trabalho excessivo, com a actividade compulsiva e com a preocupação constante. A meditação permite que nos experienciemos separados de medos, inseguranças e ressentimentos os quais produzem o evitar do trabalho e a compulsividade da adição ao trabalho. Renovados, somos capazes de regressar às nossas vidas diárias duma forma equilibrada.
OS DOZE PASSOS DE TRABALHADORES COMPULSIVOS ANÓNIMOS
- Admitimos que éramos impotentes perante o trabalho – que as nossas vidas se tinham tornado ingovernáveis.
- Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos nos poderia restituir a sanidade.
- Tomámos a decisão de entregar a nossa vontade e as nossas vidas aos cuidados de Deus, como O concebíamos.
- Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
- Admitimos perante Deus, perante nós próprios e perante outro ser humano a natureza exacta dos nossos erros.
- Dispusemo-nos inteiramente a aceitar que Deus removesse todos esses defeitos de carácter.
- Humildemente Lhe pedimos que removesse as nossas imperfeições.
- Fizemos uma lista de todas as pessoas a quem tínhamos causado danos e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas.
- Fizemos reparações directas a tais pessoas sempre que possível, excepto quando fazê-lo implicasse prejudicá-las ou a outras.
- Continuámos a fazer o inventário pessoal e quando estávamos errados admitíamo-lo imediatamente.
- Procurámos através da oração e da meditação melhorar o nosso contacto consciente com Deus, como O concebíamos, pedindo apenas o conhecimento da Sua vontade em relação a nós e a força para a realizar.
- Tendo tido um despertar espiritual como o resultado destes passos, procurámos levar esta mensagem a outros dependentes do trabalho e praticar estes princípios em todos os aspectos da nossa vida.
Os Doze Passos de Alcoólicos Anónimos foram adaptados com a autorização de Alcoholics Anonymous World Services, Inc (AAWS). A autorização de adaptação dos Doze Passos não signifca que Alcoholics Anonymous esteja filiado neste programa. AA é um programa de recuperação só do alcoolismo – a utilização dos Passos de AA ou uma versão adaptada dos seus Passos em conjunto com programas e actividades modelados a partir de AA mas que tratam de outros problemas ou qualquer utilização em qualquer outro contexto não AA não tem outras implicações.
AS PROMESSAS
Se formos completamente honestos connosco e se, em conjunto, utilizarmos os Doze Passos de Trabalhadores Compulsivos Anónimos e as Ferramentas de TCA nas nossas vidas, em breve receberemos as dádivas de sanidade e equilíbrio:
- Não estamos obcecados pelo trabalho nem atormentados pela aversão ao trabalho.
- A procura de adrenalina perde o seu domínio sobre nós. O excesso de preocupação e ansiedade torna-se uma coisa do passado.
- Temos um plano diário de acção que enfrenta a realidade do tempo, das prioridades, da saúde e dos relacionamentos.
- O medo de que não haverá tempo, dinheiro ou amor suficientes vai deixar-nos.
- Aprendemos a brincar e a divertir-nos em conjunto.
- Reatamos relacionamentos quebrados e formamos novos.
- Regressa a saúde e o cuidar de nós.
- As nossas decisões não são conduzidas pelo inchar do ego e pelo egoísmo.
- Perdemos interesse pelas coisas egoístas e ganhamos interesse e compaixão pelos nossos companheiros, familiares, colegas de trabalho e amigos.
- Verificamos como as ferramentas do programa nos ajudam a resolver problemas que costumavam deixar-nos confusos e que nos derrotavam.
- Pedimos ajuda e procuramos ajudar outros.
- Percebemos que o nosso Poder Superior nos ajuda de uma forma que a auto-suficiência nunca conseguiria. Estas promessas são extravagantes? Achamos que não. Já estão a acontecer nas vidas de muitos de nós. Para os que são novos nesta comunidade, não há problema que tenham vivido que não seja comum a nós. É com o mais profundo respeito que vos acolhemos. Quando aplicamos este programa com honestidade e compaixão, cresce em nós, um dia de cada vez, um lugar de serenidade.